sexta-feira, 14 de agosto de 2009

The Dreamers.

Algumas observações antes de dar início ao post:
- Vou começar a colocar uma pequena ficha técnica sobre os filmes que critico no começo do post.
- Disse que iria me manter fiel aos filmes do Johnny Depp, mas acabei cedendo e hoje assisti um filme cujo elenco não conta com seu nome.
-x-

I think you prefer when the world "together" means not "a million," but just two.

Título: The Dreamers
Gênero: Drama
Duração: 103 minutos
Ano de lançamento: 2003
Direção: Bernardo Bertolucci
Elenco Principal: Michael Pitt (Matthew), Louis Garrel (Theo), Eva Green (Isabelle)

Quando coloquei um exemplar de "The Dreamers" no balcão da locadora hoje a noite e ouvi da boca do funcionário que me atendia que o filme era "muito pesado, com muitas cenas de sexo e drogas.", comecei a imaginar um soft porn cujos personagens tinham fugido recentemente de uma rehab pesada. Ele estava certo sobre o fato de haver muitas cenas de sexo, talvez não tão pesadas quanto o próprio descreveu, mas certamente bastante presentes. Já quanto as drogas... Cadê? Posso dizer com toda a certeza desse mundo que o atendente da locadora estava errado, mesmo aparentando tamanha segurança e superioridade (acreditem) quando disse tais palavras e esperou que eu desistisse do filme.

Bertolucci provavelmente pretendia provocar certo impacto e chocar a população quando, no Festival de Cannes de 2003, exibiu pela primeira vez seu novo longa: The Dreamers.
Se conseguiu? Certamente... Seu filme logo virou motivo de falatório e de inúmeras discussões cujo ápice era questionar a necessidade de tantas cenas de sexo, incesto e nudez.
Logicamente quem ouvia falar do filme (eu era uma dessas pessoas até ontem) imaginava um longa nervoso, explícito, sem conteúdo nenhum e tão chocante à ponto de fazer quem não está acostumado a tamanho ultraje desligar seu aparelho de DVD. The Dreamers portanto, passa longe disso. Bertolucci conseguiu criar um filme sutil - a certos olhos até leve -, com uma história bela e uma inocência perceptível do começo ao fim.

Estamos falando de Paris em 1968, um cenário político apurado, protestantes nas ruas, população dividida e gritos do tipo "Seus porcos facistas" em cada esquina. Esse é o cenário que Bertolucci escolheu para The Dreamers. A história se passa completamente focada na história de três personagens: Matthew, um estudante intercambista, e os gêmeos Theo e Isabelle. O que de início une os três é a paixão pelo cinema. Os três rapidamente se aproximam e Matthew vai passar um tempo na casa do casal de gêmeos enquanto seus pais estão fora por um mês, ao chegar lá Matthew descobre uma história de amor que ronda os irmãos e junto com eles descobre uma nova visão da vida, do sexo e do amor.

Os personagens são incrivelmente interessantes.
Matthew, a princípio um misto de inocência e medo que aos poucos foi absorvendo aspectos de sua atual realidade e os adequando a suas idéias. Sempre lembrando Theo que achar não é o suficiente, que é preciso agir. Mais do que tudo: O amor.
Theo, o personagem mais interessante do filme inteiro. Reservado, charmoso, envolvente, inteligente, mas apesar de tudo: Enganado. É um personagem que simboliza a rebeldia, porém, a rebeldia não fundamentada. Não faz muito mais do que beber os vinhos caros de seu pai e se acha o Mrs. Ideais, defende valores que muitas vezes chega até a ir contra, mas nunca perde a pose de revolucionário.
Isabelle, sensual e erôtica, doce e e romântica, atraente e acima de tudo envolvente. Mas acima de todos esses adjetivos, intrigante. É o tipo de pessoa que se mostra com uma personalidade diferente à cada cena.

O que eu mais gostei no filme inteiro foi o modo como o diretor mesclou pedaços de películas do cinema antigo com seu longa, relacionando as duas cenas sempre de forma memorável. Esse é praticamente o único aspecto que nos remete novamente ao início "amantes do cinema" que o filme tem, não deixando que ele se perca totalmente na história que evolui entre os três jovens. Não posso também esquecer de citar que o filme ainda conta com uma boa trilha sonora banhada por rock clássico.

Só para finalizar, The Dreamers é certamente um filme sobre o desejo, o amor e, mais do que tudo, sobre os sonhos, como bem indica o título.


3 comentários:

  1. Quanto à parte das 'drogas pesadas', isso foi vacilo do funcionário.
    Você falou sobre ser explícito, nervoso... Como eu não esperava NADA do filme - não tinha nenhuma idéia do que seria e ele excedeu expectativas, para mim!

    O filme, de fato, é ótimo. Mas acho que no final ficou faltando um 'algo mais'. É como em La Belle Personne (acho que a tradução para português é 'A bela Junie'), que também é com o Louis Garrel: o filme acaba, e você fica sentado, esperando o resto do filme. HAHAHAHA

    De qualquer forma, adorei teu texto! Vocabulário riquíssimo e muito bem trabalho!

    Beijo, Nix.

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  2. "I don't believe in God but, if I did, he would be a black left-handed guitarist."
    Esse filme é incrível! Esse filme me faz ter vontade de correr pelo Louvre, esse filme me faz querer passar o resto da minha vida relacionando absolutamente TUDO com cinema e esse filme consegue juntar Louis Garrel E Eva Green E Michael Pitt(que fica um tanto quanto sem graça, quando posto ao lado dos outros dois) numa relação um tanto quanto conturbada.
    Parabéns mascote, você tá escrevendo cada dia melhor!

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