segunda-feira, 25 de maio de 2009

O amor já desvendou nosso lugar e agora está de bem.

Nas palavras de quem não tem direito de palavrear, encontrei o meu lugar.

O tempo passava devagar, cada segundo um tormento. Cada minuto, uma eternidade. E as horas não passavam... Nada parecia ter sentido. Você tinha terminado comigo, nossa relação tinha acabado... E em cartas velhas eu não conseguia mais te ver. Na minha carteira nossa foto já não demonstrava a mesma alegria, os rostos nem ao menos pareciam ser os mesmos.
Sempre fui impulsiva, meus sentimentos nunca conseguiram esconder minha coragem, minha vontade de viver... Sofrer não era o que eu queria, chorar não era o que eu precisava. Minha maquiagem estava bonita, o blush cor de rosa destacava bem meu rosto jovial, por que não mostrar ao mundo que eu sobreviveria a alguém que tanto me fez mal? Que depois de tanto tempo conseguiu quebrar meu coração em um impulso de desapego...
O relógio agora marcava 10:13, a noite que minha janela me permitia ver parecia aprazível aos meus olhos semi-molhados. Meu espelho sorria me chamando para melhorar a imagem que via, aos poucos delineei meus olhos, devolvi a cor de romã fresco aos meus lábios e, cuidando para não derramar sequer mais uma lágrima segui para onde o mundo me levasse...
O tempo agora corria contra mim... 10:50 e eu ainda não estava nem perto do que esperava conseguir naquela noite. Não precisava de amigos, não precisava de você, para mim estar longe de tudo que conhecia só me faria bem... Experiências novas, pessoas novas, lugares novos.
Carro não seria necessário também, eu tinha minhas pernas e elas conseguiriam me levar mais longe do que rodas jamais iriam. No meio da rua vejo um homem. Os cabelos castanhos (ou seriam pretos?) balançando sobre o rosto que se perdia na escuridão, os olhos não pareciam me alcançar... Ele não parecia me ver, quanto menos me notar. Minhas palavras tentaram chamar por ele... Não sei porquê, mas aquele homem vazio me atraiu. Não parecia ter muito à dizer, nada para demonstrar.
Continuei andando, aos poucos consegui ver que seus olhos eram claros e os cabelos, eram sim castanhos. Levei minha mão ao rosto e após um leve pigarro conseguir proferir as seguintes palavras: - Será que... Você... Precisa de ajuda? - Mas que estúpido modo de tentar iniciar uma conversa. Que jeito ridículo de abordar alguém!
- Não. Mas me parece que você precisa. - Ele respondeu, um sorriso no rosto de repente.
- Não estaria perguntando se a situação fosse inversa.
- Ou talvez essa seja exatamente a razão pela qual você me abordou...
- Você quer dizer que eu estou atrás de companhia barata?
- Não disse isso. Apenas questionei que talvez você tenha me oferecido ajuda, por quererê-la em troca.
- Talvez eu precise. - As palavras acacianas soaram mal até para meus ouvidos.
- Então me diga, garota, o que é que te perturba? - Consegui, assim, perceber que ele era mais velho do que eu imaginava. Beirava os trinta anos, talvez...
- Você já se sentiu como um nada para alguém? Já entregou, alguma vez, sua vida para uma pessoa que não deu valor e após usar até cansar... Jogou fora? - Ele não respondeu, na falta de palavras contrárias, continuei - Já teve a impressão de não conseguir fazer o mundo parecer pequeno demais para você? Talvez porque esse mundo se resumisse à uma pessoa, e esse alguém está longe... Mesmo estando tão perto. E que tudo que aconteceu na sua vida de uns tempos para cá foi em vão porque agora não faz mais sentido. É só que... Acabou. - As lágrimas começaram a cair sobre meu rosto, agora não me esforçava mais para contê-las.
Ele não respondeu novamente... Como quem não quer nada, aproximou seus lábios dos meus e me beijou com cuidado. E não é que nas palavras de quem não tem direito de palavrear, encontrei o meu lugar.

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